"Durante uma das muitas crises – que se repetiam sempre que o
processo de negação deixava de funcionar -, Gerald foi
procurar um
especialista em dependência química para se aconselhar.
- Sei que devia terminar o relacionamento, mas
não estou
preparado para desistir. Podemos falar sobre tudo e todos,
somos
excelentes amigos e eu a amo. Por quê? Por quê isso sempre
acontece
comigo? Ponha-me numa sala cheia de mulheres, a acabarei me
apaixonando por aquela que tiver mais problemas e me tratar
da pior
maneira possível. Francamente, não consigo entender. Se uma
mulher me
trata muito bem, simplesmente perco o interesse.
Gerald dizia beber apenas socialmente, e
afirmava jamais ter
tido qualquer problema por uso abusivo do álcool. Jamais
usara
drogas, mas o irmão, um homem em torno dos 50 anos, sofrera
com o
alcoolismo desde a adolescência. Gerald se negava a admitir
que os
pais, já falecidos, houvessem sido alcoólatras, mas
finalmente
revelou, embora relutante, que o pai costumava exagerar na bebida.
O terapeuta disse que o alcoolismo familiar
ainda o afetava,
interferindo em seus relacionamentos.
- Como posso ser atingido pelos problemas
deles? Papai está
morto, e não vejo meu irmão há anos!
Após algumas sessões de aconselhamento, Gerald
passou a
denominar-se codependente, mas não sabia exatamente o que
isso
significava, ou o que devia fazer. Quando conseguiu conter a
raiva
provocada pelos problemas de seu relacionamento afetivo,
interrompeu
as sessões e decidiu que o envolvimento da namorada com
drogas não
era tão sério. Convenceu-se de que seu problema com as
mulheres era
apenas uma questão de má sorte, e disse a si mesmo que, um
dia, a
sorte mudaria.
O problema de Gerald é realmente azar? Ou é
codependência?"
do livro Codependência nunca mais – Melody Beattie
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